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CANTEIRO TINTÓRIO

Autores

Caroline Bécco; Carulina de Medeiros, Cláudia Cristina Medeiros, Lauren Nunes; Mariana Drago; Rozane Koch

Escola

Centro Educacional Infantil Municipal Professora Maria das Graças Abreu dos Santos

Resumo

O projeto Canteiro Tintório trata da extração de tintas naturais a partir de elementos da natureza. Está sendo desenvolvido em um espaço no CEI onde as crianças da educação infantil têm a oportunidade de estar em contato com os elementos naturais, plantando e cultivando vegetais, flores e chás para que possa haver a extração dos pigmentos, a exploração de texturas e aromas que a natureza pode nos proporcionar. Esse projeto contempla a modalidade de ensino remoto e híbrido. Surgiu a partir do “Quintal da Lia”, uma história criada pelas professoras Jucinete Bonifácio Mello e Bruna David João, de contação de história, e vem ao encontro do tema anual: “Comunidade e escola em conexão com a natureza, sentimentos e valores”, num ambiente acolhedor e significativo.

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Justificativa

Um ano totalmente atípico, desafiador! Foi necessário pensar em propostas que contemplassem a modalidade de ensino remoto e híbrido. O trabalho com mascotes é marca registrada no CEIM Professora Maria das Graças Abreu dos Santos e dele surgiu a ideia de fazer uma história cujo nome dado foi o “Quintal da Lia”. Um quintal traz memórias para adultos e crianças e abre um leque de possibilidades de investigação, exploração de cores, texturas e aromas ali existentes, tornando a aprendizagem das crianças mais significativa.  Com o intuito de aproximar e integrar o trabalho escola-família, vimos no quintal uma excelente oportunidade, pois, partindo da realidade da casa das crianças, pudemos conhecer o que cada família tem no seu quintal e, se não possuírem um, foi sugerido que fizessem um “cantinho”.

 

Desenvolvimento

As crianças das referidas creches iniciaram o ano letivo de forma presencial, em abril de 2021, e, desde a adaptação, conseguimos introduzir aos poucos as propostas referentes ao projeto, tais como exploração dos elementos naturais, de pedrinhas, folhas, gravetos, sementes e algumas extrações de pigmentos como terra, feijão e café. Para as crianças que ainda estão no modelo remoto, foi sugerido que realizassem em casa no seu quintal ou que criassem um pequeno espaço para as atividades. Além disso, elas apresentaram o seu pátio e escolheram o que gostariam de plantar na escola. Todo o planejamento tem como norte a BNCC, com seus campos de experiências, objetivos e direitos de aprendizagem. Nossa intenção é que todos da comunidade escolar tenham acesso ao conhecimento desenvolvido, adicionando mais um capítulo à história “Quintal da Lia” e fazendo com que as crianças descubram novas possibilidades de tintas, brincadeiras e exploração da natureza, despertando a consciência de zelo e respeito pelo nosso meio ambiente.  

A faixa etária das crianças é de dois anos de idade e o nosso projeto atua com  um cunho interdisciplinar, pois as disciplinas de Educação Física e contação de história, também fazem parte desta jornada, além de perpassar por todos os campos de experiência. O projeto tem previsão para finalizar em dezembro e a nossa intenção é criar um espaço colaborativo dentro do nosso quintal da escola, onde as crianças tenham a oportunidade de explorar, plantar e cuidar. Será feito o plantio de vegetais como cenoura, repolho roxo, beterraba, flores variadas e estamos reorganizando o espaço de chás e a horta que a escola já possui. Para ir além da alimentação e proporcionar um espaço favorável, o contato com a natureza e com possibilidades de descobrir cores naturais, texturas e aromas é essencial. Ademais, as crianças atuam como cientistas, em busca do que acontecerá, realizando seus experimentos, como por exemplo, pinturas rupestres com terra, como os nossos ancestrais realizavam no início da escrita. Realizamos a extração dos pigmentos naturais com feijão e tomate; pinturas com a borra de café e terra. Iniciamos realizando a exploração da terra, perpassando pela investigação das texturas, com ela seca e molhada, seu aroma e a extração da tinta. -“É lama”, disse o João, e seguiu manipulando. Observamos a germinação do feijão, iniciado pela clássica história “João e o pé de feijão” e a posterior exploração dos grãos que, depois, foram plantados pela turma. Nossos pequenos cientistas perceberam o desenvolver, desde a germinação e crescimento e depois extraímos o pigmento para registrar as marcas. Para as crianças na modalidade remota, foram encaminhados vídeos com os registros da turma do presencial, apresentação da história e música “João e o pé de feijão”. As famílias mostraram-se envolvidas e as crianças curiosas para ver seu pequeno feijãozinho crescer. Conforme relato de uma família que optou pela modalidade remota, Dutza D. afirmou: “Os feijões irão crescer quase até o céu, eu vou subir, subir, subir.” Em sala de aula, deixamos o grão de molho e, no outro dia, fomos observar o que havia acontecido. Algumas ficaram curiosas, pensando que já estava pronto e que iríamos comê-lo, transferimos de recipiente e foi separada uma pequena porção para cada criança adicionar cola branca, mexer e pintar. “– Que cheiro estranho!”, disse Noah, e completou: “Olha, dá para pintar!”

Com a tinta do café, as crianças se mostraram interessadas e muito concentradas pois elas manipularam, sentiram a textura e o aroma característico do café e espalharam na folha. “Hum...café, minha mãe adora!”, disse Mariah. Elas mesmas produziram a tinta e criaram sua arte, participando ativamente de todo o processo, explorando não só as cores e sim as texturas, sabores e cheiros!

Há a intenção de transformar o projeto em um capítulo do livro “Quintal da Lia”, a fim de permitir às crianças participarem com seus registros, repassando informações de como podemos realizar a produção de tintas naturais, partindo dos elementos encontrados no quintal de casa e da escola, produzidos pelas crianças, para as crianças. Além disso, contamos com o apoio das novas tecnologias, tanto para pesquisa de imagens e informações como para comunicação com as crianças que estão na modalidade remota.

Estamos em fase inicial do desenvolvimento do projeto e ele possui como pilar a BNCC, os cinco campos de experiências e objetivos adequados à faixa etária para crianças bem pequenas. No campo “eu, o outro e nós”, destacamos o objetivo de demonstrar atitudes de cuidado e solidariedade na interação com crianças e adultos; no campo “gesto e movimento”, o nosso objetivo foi desenvolver progressivamente as habilidades manuais, adquirindo controle para desenhar, pintar, rasgar, folhear, recortar, entre outros; em “traços, cores, sons e formas”, priorizamos o objetivo de traçar marcas gráficas em diferentes suportes, usando tintas e utilizar materiais variados com possibilidades de manipulação (argila e terra), explorando cores, texturas, superfície, planos formas e volumes ao criar objetos tridimensionais; em “escuta, fala, pensamento e imaginação”, o objetivo é dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, opiniões, necessidades e sentimentos. Por fim, no campo “espaço, tempo, quantidades, relações e transformações”, destacamos o objetivo de explorar relações de causa e efeito (transbordar, tingir, misturar e remover) na interação com o mundo físico, compartilhar com outras crianças, situações de cuidado de plantas e animais nos espaços da instituição e fora dela.

Já podemos perceber que as crianças estão se expressando com mais segurança e confiança ao manipular os elementos oferecidos. No início do projeto, algumas apresentavam receio e isso era percebido através das suas linguagens, ora verbalizado, ora corporalmente. Além disso, podemos verificar que a turma está engajada, se comunicando, criando hipóteses e auxiliando um ao outro. O projeto “Canteiro tintório” terá continuidade até o final do ano letivo e colorirá algumas páginas do futuro livro “O Quintal da Lia”.

 

Palavras-chave

Tintas naturais; natureza; exploração.

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